Adeus...inverno


"Eles tinham um pouco tão imenso,
Que os amantes restaram satisfeitos.
Depois as sombras, o nevoeiro denso,
E hoje nem de sonhos o pouco é feito...
Neles, é como um rio que secou,
As árvores, nos dois, calcinadas,
Marcas do impossível que passou
Em um amargo gosto de nada...
Ficou o deserto, a triste paisagem,
O inverno eterno, as almas geladas,
O vazio e um espelho sem imagem..
E seguiram, com as vozes caladas,
Para o abismo, a queda, a miragem
Do amor em águas passadas...
Com uma dor que não se amansa,
Perdidos nos seus grãos de nada,
Saudosos da pouca esperança
E dos sonhos de contos de fada...
Mas pagam as escolhas feitas,
O não na boca amargada.
E na teia por eles desfeita
Resta uma aranha alucinada..."

Soneto no Espelho

1 comentário:

  1. ...e de aranhas alucinadas se despede o inverno erguido na boca do vento, marcas essas "coutadas" varridas p'la primavera!

    Amei o soneto do espelho em que me reflecti..numa imagem por inteiro..

    Um beijinho
    da
    Assiria

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