Em mistérios ao redor do coração


Calibro-me entre as fendas das tábuas, as areias arestam-se-me entre os dedos, ar(rasto) passo a passo o caminho, a corda dos barcos a náufragos serve-me de companheira, marco de suspiro cada pilar, (des)fiz-me de medos para te (re)encontrar, dispo-me de silêncios para entrar (sair) de ti, poros cutâneos desta pele que transpira, a sapiência da turbulência dos sentidos, que lhe circulam no ínfimo. Frémitos cardíacos na boca das palavras, que beija como quem chora em sorrisos de pétalas nos lábios e pirilampos no olhar. Chuva de rosas e nuvens de algodão doce, sabores a jasmim-mandarim em searas que baloiçam ao vento, horizontes de lágrimas em tez deslumbrada de alegria, molhos de cores, mapas de percursos re(luz)entes e uma inércia a(paz)iguadora, em mistérios ao redor do coração.

3 comentários:

  1. Este momento está soberbo ... o entrosamento das palavras com a sensibilidade de uma foto subliminar ... Lindíssimo...

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  2. Muito original e erudito com o teu toque de ternura! Sempre bom vir aqui!

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  3. O equilíbrio. Perfeito. Das palavras... e dos verbos... dos versos que exalam... amor.

    ¬

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