A palavra


"Agora, já não preciso que gostem de mim.
Agora, tenho mil peças de um puzzle, tenho
uma caixa cheia de molas soltas, duas mãos,
tenho a planta de uma casa, tenho ramos
guardados para o inverno, e tanto silêncio,
tenho tanto silêncio, bolsos vazios e cheios,
pão, fé, céu, chão, mar, sal, sol, cá e lá,
tenho sobretudo lá, uma distância imensa
feita de planícies estendidas e eternidade
porque eu caminho com vagar ao longo das
estradas, o horizonte é demasiado quando
planeio toda a sua distância sem medo de
nada, destemido apenas, a coragem é um
exército ao meu lado, tenho a coragem
necessária, tenho um lago que reflecte a
noite e a lua quando há lua, uma orquestra
inteira tenho, o som e o silêncio, já disse o
silêncio, repito-o a saber quem sou e o que
tenho, tenho uma gaveta de papéis, tenho
montanhas de montanhas, tenho ar, tenho
tempo e tenho uma palavra que corre à
minha frente, mas que consigo apanhar
e que ainda utilizo no poema."

José Luis Peixoto

8 comentários:

  1. Lindissimo poema.
    Boa semana
    Beijinhos
    Maria

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  2. J. L. Peixoto sempre magnifico!
    Beijos

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  3. Não conhecia este poema de J. L. Peixoto. É lindo!

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  4. Ter montanhas de montanhas... lindíssimo!

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  5. O amor é mágico, beijo Lisette.

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  6. José L. Peixoto é meu favorito, as palavras ditas com amor, é infinita...mente explêndido... belo poema para expressar um lindo dia ... com muito amor, gostei do seu cantinho, vou passear sempre que puder por aqui. bjs Giovanna

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  7. Esse poema do José Luis Peixoto é muito bonito. Bela escolha. Um abraço!

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  8. Excelente escolha este texto belissimo do JL Peixoto!

    Beijos...
    AL

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