Do adeus

Resolveu fechar a porta. Abriu a janela. Deixou entrar os raios de sol, já a desvanecerem-se neste fim de verão. Com eles entrou também uma aragem fresca. O aviso do outono fez-se notar nas cortinas que esvoaçaram. O cheiro a maresia, a sal e a areia estavam-lhe entranhados na pele. Na sua tez dourada brilhavam ainda os luares de agosto e as noites de setembro. Como que anestesiada pela doce lembrança, deixou-se ficar nas esquinas do tempo. Ao de leve, uma folha acariciou-lhe a pele e fê-la reconhecer que ele tinha chegado. Fechou a janela e deixou-o entrar.

6 comentários:

  1. e assim se recebe mais uma estaçao, em forma de folha...

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  2. Suave e profundo...
    Até imaginei a cena!

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  3. Muito lindo!
    Há sempre uma certa nostalgia num adeus, mas simultaneamente, uma necessidade de mudança, de um abrandamento da luz nos recantos da alma, quando de outono se fala.

    Um beijo

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  4. Minha querida

    Mesmo que não queiramos...ele entra sempre de qualquer maneira.
    Linda a maneira como escreveste e descreveste.

    Deixo um beijinho com carinho
    Sonhadora

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  5. Sempre a suavidade e sensibilidade presentes em cada mensagem. Excelente!!!
    Bom fim de semana
    Beijinhos
    Maria

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  6. Um gesto, um toque na pele, um arrepio n'alma... e todas as entradas tornam-se vias... de mão dupla. Sempre.

    ¬

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