Sinto que sinto e não sinto

Sinto que sinto e não sinto. Nesta queda profusa em espiral, rodopio, perco o pio e assim fico. Num vazio atroz, tal um albatroz, que mira, sobrevoa a presa e dispara num voo certeiro, mas incerto falha o alvo. Também eu, coloquei o meu coração em ti, nas tuas mãos o depositei, para que o tratasses com carinho. E tu cuidaste-o. Sonhamos sonhos de encanto. Mas...essa, que me atormenta. Essa vertigem que me assola e que me desinquieta, sempre, que páira no meu semblante. Voltou e apoderou-se de mim. E agora cresce como erva daninha num jardim. Vive comigo, adormece e acorda comigo. Preenche-me. Quero afastá-la, libertá-la, mas desfaleço, faltam-me as forças para conseguir lutar. E nesta fuga que de mim faço, para por aí permanecer, falho no alcançar do degrau, trespasso o chão e vertiginosamente observo-me.

3 comentários:

  1. Sempre...sentimos o que não sentimos na
    ténue linha que separa nossos olhos do coração...

    Um beijinho

    ...sorri..

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  2. São tantas as vezes em que sentimos o que pensamos não sentir... mas na realidade é que sentimos e caminha connosco como se de uma sombra se tratasse... Um dia sentimos que chegámos no limite e temos o abismo... as forças faltam-nos e já nem sabemos o que está do outro lado...

    Beijinhos com :-)

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  3. Palavras dadas
    nas lágrimas de versos segredados,
    abraçam-se sentimentos reprimidos
    numa seara onde colheremos
    rotas para novo voo...

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